sexta-feira, 2 de maio de 2008

AS COTAS SÃO DISCRIMINATORIAS E CONTAMINADORAS

AS COTAS NAS UNIVERSIDADES SÃO DISCRIMINATÓRIAS E CONTAMINADORAS

Clodomiro Alves

As declarações do Professor Antonio Natalino Dantas, Coordenador do Curso e Medicina da UFBA provocaram uma polêmica enorme a tal ponto de a turma do acarajé se predispor a fritá-lo no azeite de dendê. As declarações em parte são verdadeiras, embora tenham sido enfocadas de modo a permitir interpretações dúbias, possibilitando aos oportunistas de plantão vê-las como ofensivas e recheadas de racismo.
Na verdade as cotas são prejudiciais a formação no ensino superior e altamente discriminatórias.
Diante da incapacidade do governo de reconhecer a sua ineficiência na administração do ensino básico, valeu-se de alguns pedagogos demagógicos e também despreparados para a sua missão de educador, para encontrar nas cotas uma forma covarde de dizer que pobre, preto e índio são uma classe, intelectualmente, inferior. O que não é verdade. Fui menino pobre do interior e vendi pão de porta em porta para estudar. Por falta de condições financeiras não cursei o segundo grau e pré-vestibular. Fiz exames de Madureza (atual supletivo) e prestei vestibular logrando aprovação em 2º lugar. Cursei, com brilhantismo, Direito, na Universidade Federal da Bahia. Benedita da Silva foi empregada doméstica, Senadora da República, Governadora do Rio de Janeiro e Ministra de Estado.
O Governo, ao invés de requalificar o ensino público, sobretudo o ensino básico (1º e 2º graus) e oferecer aos que cursaram ou estão cursando o segundo grau um curso preparatório para o ingresso no ensino superior, usou a tática de oferecer cotas a fim de facilitar o ingresso de pobres, pretos e índios nas universidades publicas, independentemente do seu nível de conhecimento e de capacidade.
Dizer que boa parte dos jovens baianos de classe pobre tem um nível de conhecimento muito aquém do desejado é uma verdade inconteste. O curso de segundo grau (denominado FORMAÇAO GERAL) é, na verdade, um curso de enganação geral. Boa parte destes jovens, cursando o segundo grau, ainda são incapazes de preencher corretamente uma ficha de pedido de emprego.
O despreparo destes jovens não decorre da falta de inteligência e sim da ineficiência do ensino publico ao qual têm acesso. Com professores desmotivados em razão do baixo salário e despreparados para função e que muitas vezes, embora lhes falte vocação, ministram aulas apenas porque não encontram outro emprego.
O acesso aos livros é restrito, em razão do custo e via de regra os livros oferecidos pelo governo são vazio de conteúdo.
No que diz respeito a qualidade da musica que se ouve na Bahia, bem o disse o professor: é de péssima qualidade. Há muito, aqui convenciou-se, que batuque é música e barulho é diversão e alegria. A Bahia tem uma pleiade de extraordinarios compositores e excelentes intérpretes. Não é por falta de opção e sim por contaminação. A culpa certamente não é da população. O erro começa nas escolas onde se aprende quase nada e muito menos sobre música.
A nível de governo (nas diferentes esferas) é muito difícil para uma boa orquestra conseguir patrocínio. Os prefeitos gastam verdadeiras fortunas com bandas, muitas sem qualquer qualificação, mas são incapazes de levar para suas cidades uma boa orquestra para mostrar aos seus munícipes musicas de qualidade e de conteúdo.
Na Bahia o governo tem um programa (FAZCULTURA) que em verdade deveria denominar-se FAZCURTURA. Pois são raros os eventos patrocinados por este programa com algum conteúdo cultural. Para seus idealizados e administradores batuque é musica e barulho é cultura.
Para muitos empresários do ramo difundir e vender musica de consumo é mais interessante em razão do lucro imediato. Pouco importa o conteúdo e a qualidade.
Sem desprezar e sem deixar de cultivar matizes da cultura popular que faz parte da nossa própria identidade Histórica é necessário que se mantenha a cultura e o conhecimento que ao longo de vários séculos se acumulou neste Pais, oriundos de outras civilizações. Afinal já não vivemos numa tribo de índios, ou numa aldeia africana. Os clarins não podem ser totalmente substituídos pelos tambores.








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